Eu vivi todas as cores da vida - disse Shankar, interpretado por Lima Duarte, no primeiro capítulo da nova novela das 21h da TV Globo, Caminho das Índias, que estreou segunda-feira com média de 37 pontos no Ibope.
O personagem se refere a um importante momento de transição depois de todas as experiências que acumulou ao longo do tempo. Como a trajetória de Shankar, o início do trama assinada por Glória Perez foi marcado por amplo e contrastante desfile cromático.
Emília Duncan valorizou nos figurinos: cores fortes, intensas e vibrantes para estampar os trajes dos personagens indianos e tons neutros para os brasileiros.
A autora, porém, não procurou “apenas” realçar discrepâncias. Ao contrário, frisou que, guardadas as evidentes diferenças de tradições, a estrutura de funcionamento das relações não difere tanto entre Brasil e Índia. Nos dois países, os pais insistem em tomar decisões pelos filhos.
Se lá Opash (Tony Ramos) anuncia que vai procurar uma esposa para o filho, Raj (Rodrigo Lombardi), aqui Ramiro (Humberto Martins) determina que o filho, Tarso (Bruno Gagliasso), tocará a empresa da família.
A assimilação de modernidades – dado frisado nas cenas em que a protagonista, a indiana Maya (Juliana Paes), apareceu usando celular e trabalhando com computador – não alterou significativamente a ordem das coisas.
Desempenhos seguros
Glória Perez voltou a inserir elementos do documental na ficção, procedimento utilizado em outras de suas novelas (Barriga de aluguel, O clone e América).
Não por acaso, abriu o capítulo com Opash e Shankar falando sobre o sistema de castas na Índia a partir de perspectivas opostas. Tony Ramos e Lima Duarte apresentaram desempenhos seguros, empregando gestuais para tornar mais concretas as falas.
Os atores escaparam de um registro didático, evitando que o texto soasse excessivamente explicativo. Vale destacar a autoridade de Laura Cardoso (Laksmi), matriarca que não perde a oportunidade de desqualificar a nora, Indira (Eliane Giardini).
O par central – formado por Maya (Juliana Paes) e Bahuan (Márcio Garcia) – destinado a sofrer com a intransigência dos mais velhos, ficou devendo no quesito credibilidade.
Os cuidados na reconstituição dos ambientes resultaram em excessos, particularmente na repetição da batida combinação velas/incensos na passagem em que Maya apareceu sendo massageada.
E o núcleo da Lapa foi inserido de maneira um pouco artificial neste capítulo de apresentação, que dispensou, em certa medida, a verossimilhança.
Daniel Schenker
in: Jornal do Brasil
19:14 - 20/01/2009
19:14 - 20/01/2009
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